Escassez de mão de obra deve limitar avanço da construção civil em 2025
Custos mais elevados também estão previstos, o que deve desacelerar o crescimento. A estimativa é de que o PIB do setor seja de 3% no ano que vem, inferior aos 4,4% previstos para 2024, aponta FGV/IBRE
Os maiores obstáculos para o crescimento do setor da construção civil em 2025 são a falta de mão de obra e os altos custos, de acordo com a Coordenadora de Projetos da Construção na FGV/IBRE, Ana Maria Castelo.
“A escassez de mão obra qualificada é a principal limitação ao crescimento dos negócios. E, até por isso, deverá aumentar os custos”, disse ela em reunião virtual do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Fiesp, realizada na quarta-feira (18/12) e conduzida por seu presidente, Eduardo Capobianco.
O setor passou por momentos de incerteza, com cinco anos de retração econômica na década passada. E, quando ensaiou uma recuperação, todos foram surpreendidos com a pandemia. “Foi um período muito difícil para toda a cadeia da construção. Mas depois da fase mais crítica, o setor entrou em um momento muito significativo de crescimento”, explicou Castelo.
A projeção da especialista é de que o PIB (Produto Interno Bruto) da construção deva ser de 4,4% em 2024, mas com crescimento menor em 2025, em torno de 3%. Entre outros fatores, pesam para a desaceleração do crescimento a alta da Selic, que deverá encarecer o custo do crédito, a tendência de queda nas despesas familiares com obras e reformas, além da falta de mão de obra e elevação dos custos.
Aliás, neste ano, os custos da construção civil ficaram acima da inflação até novembro. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) chegou a 5,99% no ano e o acumulado em 12 meses pode atingir a marca de 6,08%, de acordo com a economista da FGV. Para efeito de comparação, para o mesmo período do ano anterior, o índice ficou em 3,26%.
Um dos segmentos com maior dificuldade é o de serviços especializados. A fim de mitigar a falta de mão de obra especializada e reduzir os custos, muitas empresas têm adotado a estratégia de investir na capacitação interna.
Castelo disse também que o emprego segue em alta e o setor está aquecido, muito por conta de negócios já realizados no mercado imobiliário ou investimentos em infraestrutura já contratados.
Algumas variáveis a que os empresários devem estar atentos incluem o preço das commodities, do barril de petróleo e o cenário político externo, cada vez mais imprevisível. No cenário doméstico, o câmbio é uma das questões que mais assombra no momento, pois caso continue em patamar muito elevado, pode impactar a inflação e forçar ainda mais os juros.
“Na atividade informal, mais uma vez temos um ciclo contratado e o mercado de trabalho deve seguir aquecido, porque temos o mercado imobiliário. As vendas se mantêm elevadas, impulsionadas sobretudo pelo Minha Casa, Minha Vida, mas o crédito para a média e alta renda deve se contrair em 2025”, previu ela.
Por fim, Castelo entende que parte considerável dos economistas errou as projeções de crescimento deste ano – muitos fizeram estimativas inferiores ao que se verificou – por subestimar o efeito do investimento público na economia.
(Por Federação das Indústrias do Estado de São Paulo -Fiesp. Foto reprodução internet)
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