Recordar é Viver: "Camacho, dos gramados aos microfones"
Por Wanderley `Tico´ Cassolla
O carnaval deste ano passou e faz parte do passado. Como sempre recebemos várias fotos para publicar. Como o espaço é pequeno, é guardar para os futuros carnavais. Por incrível que pareça nesta semana ainda chegaram mais fotos. Dentre elas, uma em especial, do sempre lembrado João Carlos Camacho, cobrindo mais uma carnaval, entrevistando o elegante garçom José de Oliveira, o conhecido “Maverick”, em pleno carnaval, num dos clubes da cidade, que decidimos aproveitá-la de imediato.
O Camacho vestido com sua tradicional camisa do Palmeiras, com aquele vozeirão falando nos potentes microfones da extinta Rádio Clube de Garça. Ele foi um folião em potencial, brincava as cinco noites, começava na sexta feira e parava na manhã da quarta-feira de cinzas. Rodava por todos os clubes da cidade, no Grêmio, no Tênis e no Garcinha. De quebra, ainda dava um pulinho no “Panelão”.
No outro flagrante veja o Camacho juntamente com o também palmeirense Nilson Bastos Bento, no carnaval do ano de 1985, curtindo um pouco da folia de momo. Depois é claro, de cumprirem a jornada de trabalho, que geralmente começava as 23 horas e terminava a uma hora da madrugada, ou pouco mais. Afinal de contas a vida não é só trabalho.
O Camacho foi um grande amigo nosso e também de muita gente, que agora está lendo a coluna. Infelizmente nos deixou ainda jovem, pois faleceu no dia 8 de maio de 2011, com apenas 54 anos de idade.
Mas, vivendo entre nós, marcou sua presença, e partiu deixando saudades. Com seu jeitão simples, brincalhão, de “caipira do interior”, foi um grande esportista, desde jogador, dirigente, treinador e radialista. Além de torcedor fervoroso do Palmeiras, só que gostava de “zoar” os torcedores adversários. O seu alvo principal era as derrotas do Corinthians, sobrava até para o seu inseparável amigo Luiz Carlos de Oliveira Quine, um dos mais fiéis corintianos de Garça.
Camacho no futebol
Até que ele tentou correr atrás da bola. Mas não deu, o físico não ajudava. Começou no campo de terra de Vila Manolo, no ano de 1975, onde foi quarto zagueiro do Bezerra de Menezes. Depois tentou ser árbitro, só que no terceiro jogo, deu uma confusão danada, empurra-empurra. Enérgico, expulsou 10 jogadores, cinco de cada time, o jogo não acabou, então pendurou o apitou. Decidiu ser treinador, e no ano de 1982, comandou o time do São Carter, e quase foi campeão no futebol suíço. No ano seguinte recebeu convite para dirigir o Guanabara no campeonato amador, e levou um time novato, ao título de campeão amador do ano de 1983. As entrevistas no campo e depois no estúdio da Rádio Clube de Garça mudariam o destino do treinador campeão.
Camacho nos microfones
Quando do jogo festivo do Guanabara, começo do ano de 1984, o Camacho foi entrevistado pelo radialista Nilson Bastos Bento, da extinta Rádio Clube de Garça, que viu nele um bom potencial para os microfones. Como naquele ano o Garça retornaria ao futebol profissional, o Camacho acabou sendo contratado como comentarista da equipe esportiva, que tinha como narrador Tadeu Julião. Depois não abandonaria mais os microfones, comandando por vários anos o tradicional programa de esportes “Bola no Gol”, com seus abalizados comentários. Como sempre, passou a incentivar o futebol amador, transmitindo os jogos.
Na outra foto, do mês de abril de 1991, juntamente com Tadeu Julião, o narrador sensação do “Tem curimba na rede”, cobrindo um jogo no Toyotão. Segundo o Tadeu Julião foi inesquecível este dia: “Uma transmissão raiz, sob um sol escaldante de 34 graus, a arquibancada esquentou, era difícil ficar sentado. O Camacho pra suportar o calorzão, tomou uns 6 litros de água pra refrescar a garganta. No final do jogo, ele foi até o alambrado e gritava pro juizão Taidão, não dar prorrogação, porque senão ia encerrar a transmissão, pois a água tinha acabado. E o Taidão obedeceu ao pé da letra”. O repórter de campo foi o corintiano Jorge Ismail, que na noite anterior narrou um rodeio em Jafa. Chegou em cima da hora no “Toyotão”, jogo começando, nem tirou o chapelão e a botona de caubói até os joelhos. De tanto caminhar pelo gramado, naquele sol de “rebentar mamona”, só restaram bolhas e mais bolhas nos pés. Ficou uma semana andando de chinelos havaianas.
O Camacho também foi locutor e apresentador, Quem não se lembra do” Parabéns a Você”, nas manhãs de domingo? Outro trunfo do Camacho foi o de promover campeonatos de futsal, contando com o respaldo da SEJEL, que lotavam de torcedores no Ginásio “Wilson Martini”, depois o “João Gonzalez”. A partir daí Garça se tornaria uma potência estadual no esporte da outrora “bola pesada”, com o timaço do RCG. Ainda lembro da mais célebre frase do Camacho nos microfones: “E que a gente sempre se encontre nos campos da vida”. Hoje fico a imaginar a sua alegria, onde quer que esteja, vendo lá de cima, o seu querido e amado Palmeiras ganhando títulos e mais títulos !!!
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