Fábio Dias
03/01/2024
Garça 

Morre Dona Marinalva, da “Barraca da Baiana”


Na UTI, “Baiana” não resistiu e sofreu uma parada respiratória nas primeiras horas do dia de Natal


O Cerejeiras Festival 2024 lamentavelmente não terá a presença de uma de suas personalidades mais ilustres e emblemáticas: a comerciante Marinalva Neves Cruz, conhecida carinhosamente como “Baiana”. Aos 77 anos, ela partiu na madrugada do último dia 25 de dezembro, deixando não apenas um vazio na tradicional “Barraca da Baiana”, mas também na alma da cidade que aprendeu a apreciar seus deliciosos quitutes, com destaque para o aclamado acarajé.  Por mais de duas décadas, a “Barraca da Baiana” é presença garantida no Cerejeiras Festival, tornando-se uma das atrações culinárias mais aguardadas do evento.  Com maestria e dedicação, Dona Marinalva conquistou paladares e corações, transformando-se num dos destaques do evento. O falecimento foi anunciado por sua neta, Camila Neves Palomares, que revelou que sua avó enfrentava há algum tempo o desafio do Alzheimer. Uma queda que resultou na quebra do fêmur culminou em uma cirurgia, mas seu estado de saúde se deteriorou nos dois meses seguintes.  Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido a problemas pulmonares, Dona Marinalva não resistiu e sofreu uma parada respiratória nas primeiras horas do dia de Natal, para tristeza de familiares e amigos. O sepultamento ocorreu no dia 25, no Cemitério de Peruíbe, cidade onde a comerciante residia atualmente. Dona Marinalva Neves Cruz não foi somente uma cozinheira talentosa, mas uma mulher de fibra e generosidade, como destaca sua neta Camila. Ela não apenas criou uma trajetória de sucesso na gastronomia, mas também construiu uma família com amor e  dedicação, influenciando gerações. Nascida em Ilhéus, Marinalva foi para Guarulhos na Grande São Paulo ainda jovem. Lá criou seis filhos vendendo acarajé em eventos tradicionais em cidades como Catanduva, Boituva, Tanabi e Garça.  A “Barraca da Baiana”, que por tantos anos foi sinônimo de sabor e tradição, seguirá sob a tutela de sua filha Cris Neves e da neta Camila. A intenção é dar continuidade ao legado familiar, mantendo viva a tradição dos quitutes que conquistaram não apenas Garça, mas diversas cidades por onde passaram. Camila, emocionada, expressa sua gratidão e compromisso em honrar o ensinamento de sua avó: “Ela sempre nos ensinou com muito amor e carinho, que comida tem que ter amor senão nada fica bom. Hoje faço o que eu mais gosto, um delicioso acarajé”.  A tradição da Barraca da Baiana seguirá, agora com a responsabilidade de preservar não apenas o sabor único de seus quitutes, mas também a essência solidária que Dona Marialva imprimiu em sua vida e negócio.  “Minha vó sempre ajudava, cuidava de quem precisa. Ela representa a raiz da nossa família, pois ela quem criou todos com muito amor: filhos, netos, bisnetos e muitos filhos adotivos. Ela foi um verdadeiro alicerce. Não media esforços para ajudar a todos”, diz Camila emocionada. “Eu devo tudo a minha vó. Ela era minha base, minha raiz e sempre será minha fortaleza. Me inspiro nela em tudo. Uma mulher de fibra, guerreira, que criou seus filhos sozinha vendendo seus quitutes. Hoje me encontro despedaçada pois uma grande parte de mim se foi. Mas vou honrar tudo que aprendi. E levarei seu nome, seu legado junto com minha mãe até o fim’’.  A cidade se despede de uma de suas grandes personalidades, mas a  memória e o legado da “Baiana das Cerejeiras” continuarão a colorir as futuras edições do Cerejeiras Festival e a alimentar o coração daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-la e saborear sua culinária única. Marinalva com a neta Camila e a filha Cris. (Por Garça em Foco)


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