Fábio Dias
18/01/2024
Garça 

Homem confessa ter atirado e matado adolescente de 15 anos em Garça

Autor do crime se apresentou na Polícia Civil e deu sua versão do caso.

Um tatuador que não teve o nome divulgado, apenas as iniciais R.G.F.J, se apresentou na Delegacia de Polícia de Garça e confessou ter assassinado o adolescente Iago de Oliveira Fernandes, 15 anos. O crime aconteceu na porta da casa do garoto, no último dia 4. Iago foi chamado no portão e alvejado com 3 tiros. 

O acusado de matar o adolescente de 15 anos em Garça se apresentou à Polícia Civil na terça-feira (16).

De acordo com o delegado Adriano Marreiro, o assassino, de 27 anos, que não teve o nome divulgado, esteve na delegacia acompanhado do advogado. Ele teria confessado o crime e estaria colaborando com as investigações.

Marreiro afirmou que, segundo o homem, o homicídio foi cometido por vingança. A mãe do autor do assassinato teria sido supostamente vítima do adolescente em outro crime.

O advogado Carlos Credendio, que acompanhou o autor confesso do crime na apresentação, disse ao site Hora H que “ele soube que o adolescente havia estuprado a mãe dele com a ajuda de outro jovem, depois ainda a agrediu violentamente com chutes e socos. Há testemunha relatando que a mãe do meu cliente ficou muito machucada. Em uma situação de desespero ao saber disso tudo, o meu cliente foi tirar satisfação com o Iago, que confirmou o estupro, chamou a mãe dele de ‘nóia’ e fez menção de partir para cima dele. Imaginando que estivesse armado, ele acabou cometendo o crime”. 

Conforme o delegado, o suposto crime que teria motivado a morte do menor está sendo investigado em inquérito policial que tramita na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Garça. As apurações no caso do homicídio seguem pelo Setor de Investigações Gerais (SIG) da cidade.

O tatuador, que é primário, deverá responder em liberdade. “Como o meu cliente compareceu espontaneamente para esclarecer os fatos, é primário e tem endereço fixo, o delegado não viu motivo para pedir a prisão dele, por enquanto”, disse o advogado. Há ainda a necessidade de identificar quem ajudou Iago a segurar a mãe do tatuador para o estupro – e que deve ter ajudado também nas agressões à mulher.

R.G.F.J. já prestou depoimento à polícia, que foi juntado ao inquérito iniciado a partir do B.O. de registro do crime. Há testemunhas também que foram ouvidas e constam do inquérito policial. “Elas vão ajudar a confirmar todas as informações e esclarecer os fatos”, acrescentou Credendio. 


Delegado Adriano Marreiro fala sobre apresentação do acusado

 

Conforme salientou o Delegado Adriano Marreiro dos Santos, na terça-feira, 16, houve a apresentação espontânea do suposto autor do homicídio, acompanhado do advogado, confessando o delito.

“Não houve intimação, ele confessou e deu todas as circunstâncias em que ocorreu o homicídio e a motivação. Segundo a versão dada pelo suspeito, é que a mãe dele havia sido vítima de estupro praticado pelo Iago, e por mais outro rapaz que ainda não foi identificado. Essa versão do estupro a gente já vinha seguindo essa linha , pois chegamos a essa linha da investigação, inclusive ouvimos testemunhas que afirmam que houve realmente o estupro”, disse o delegado, completando que, segundo apurado, a mãe do rapaz que se apresentou, fazia programas.

“Ela é usuária de drogas e fazia programas a troco de dinheiro para usar drogas. Em um desses programas teria havido algum inesperado. A gente ainda não sabe ainda o que aconteceu. Esse estupro está sob investigação da Delegacia da Mulher daqui de Garça. A gente não sabe se começou consensual e no meio se transformou em um estupro, ou se foi diretamente estuprada, mas a gente sabe que houve alguma coisa nesse sentido, o que dá um grau de confiança do suposto autor”, completou ele.

De acordo com Marreiro, o suposto autor do crime está colaborando com as investigações, sendo ouvido, interrogado e indiciado pelos crimes de homicídio qualificado e porte ilegal de arma. 

As investigações continuam para sanar todas as linhas e também, segundo o delegado, identificar possíveis colaboradores com o crime 

O delegado comentou ainda que o nome do suposto autor já estava ventilado nas investigações, assim como outros nomes.

Marreiro salienta que o  estupro seria a motivação, mas tal motivo não muda o fato do suposto autor ter cometido o homicídio.

“ Ele continua sendo o autor . O estupro pode justificar de uma forma moral, mas não atenua , não exime ele de culpa, tanto é que foi indiciado. Quem vai poder deliberar sobre o destino dele será o Conselho de Sentença no Tribunal do Júri no momento do Plenário. Ele não foi preso, pois não tem contra ele um mandado de prisão e ele não estava mais no estado flagrancial. Então no nosso ordenamento jurídico uma pessoa só pode ser presa se estiver em flagrante delito ou por ordem judicial e ele não estava incluído em nenhum desses dois momentos”, explicou o delegado, completando que o acusado pode ser considerado réu primário.

O delegado apontou que os próximos passos da investigação têm por meta esgotar todas as possibilidades, ainda que o acusado tenha se apresentado e confessado o crime.

“Vamos  produzir todas as provas que são mister da Polícia Civil, inclusive uma reprodução simulada dos fatos, para ele dizer como foi a dinâmica do homicídio e, feito isso, as investigações acabam. Feito o relatório final do inquérito e isso vai para apreciação do Ministério Público e Público e do Poder Judiciário”, disse o delegado, explicando ainda que, durante as  investigações e o processo , não se descarta a possibilidade de uma prisão temporária.

“Sempre existe a possibilidade. Se o suspeito tiver uma tentativa de fuga, sair da cidade sem justificativa , começar a coagir testemunhas, tumultuar as investigações. Existem algumas diretrizes que ensejam uma prisão. Ele tem que ficar bem, andar da forma correta, não atrapalhar as investigações  para poder ter o direito de responder em liberdade”, completou. 

 

Quatro homicídios em 12 dias

Durante seu esclarecimento sobre a entrega do suposto assassino o delegado Adriano Marreiro tranquilizou a população de Garça e região e salientou que, apesar de dizerem que a cidade registrou quatro homicídio em 12 dias, são crimes distintos.

“São homicídios distintos. Dois deles, onde foram três vítimas, foi no âmbito do lar, da família, cometidos com faca. São crimes muito difíceis da prevenção, que envolvem a família e são cometidos dentro de casa. No crime que vitimou mãe e filha, já existia um histórico de violência doméstica, já havia medida protetiva. Só o crime que vitimou o Iago é considerado, como se diz,  crime de rua, mas teve uma motivação especifica também. Não foi um crime de latrocínio, sequestro, roubo. A população pode ficar tranquila, apesar dos números, eles são pontuais , isolados e não colocam a população em risco. Os quatro homicídios foram esclarecidos sendo que os autores de dois deles estão presos”, finalizou Marreiro.

 


Relembre

O adolescente foi morto a tiros na noite de 4 de janeiro, no bairro Vila Araceli, em Garça.

De acordo com o registro do caso, às 22h34 a Polícia Militar foi acionada com a informação de disparo de arma de fogo contra uma pessoa. No local, os militares verificaram que a vítima já estava sendo socorrida pela unidade de resgate do Corpo de Bombeiros. O menor foi levado até a UPA de Garça.

Uma testemunha disse que estava pelo local dos fatos, junto com Iago, quando viu uma pessoa em uma moto de pequeno porte, transitando pela rua Martin Afonso de Souza.

Segundo essa testemunha, o assassino parou na esquina da residência, desceu da moto e chamou a vítima pelo nome que, ao se aproximar, foi atingida pelos tiros. Em seguida, o motociclista fugiu.

Conforme apurado inicialmente, foram ouvidos quatro disparos de arma de fogo. Iago não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade de socorro. A polícia foi informada que a vítima foi atingida por pelo menos três tiros.


Comentários

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