Fábio Dias
11/12/2023
Garça 

Recordar é Viver: "Kir, um zagueiro em potencial”

Por Wanderley `Tico´ Cassolla

Nos meus mais de vinte e cinco  anos correndo atrás da bola no amadorismo
garcense, tive a oportunidade de jogar e também enfrentar muitos jogadores
bons de bola. Se fosse nominar, daria um extensa lista. Mas três para mim
eram diferenciados. Tinham tudo para virar um atleta profissional: Aguinaldo,
Kir e Toninho Marques. Aí você vai me perguntar: Por que não seguiram na
carreira? Respondo: “Coisas del futebol”. Como diria o folclórico técnico
argentino Filpo Nunes. Não era o destino deles. O Aguinaldo, filho do Altamiro
Gomes (ex-cracão do Garça FC), faleceu no ano de 2.000 em Valinhos/SP,
enquanto o Kir virou um grande arquiteto. Já o Toninho Marques, engenheiro
agrônomo. Na minha visão, foi o futebol que perdeu três grandes jogadores.
Dias atrás batemos um longo papo com o Carlos Alberto Favinha Anselmo, o
Kir, que jogava de quarto zagueiro, às vezes conforme o jogo, de médio
volante. As duas funções desempenhava com maestria.
Quanto ao apelido “Kir”, vem desde a infância, ligado ao futebol. Tudo porque o
seu amigo Cocão Manchini, sempre passava em sua casa, para juntos irem
jogar bola. Lá de fora o chamava, no imóvel não havia campainha. Porém, ele
tinha dificuldades em pronunciar o nome “Carlos Alberto”. Não restou outra
alternativa, senão resumir para “Kir”. Ficou para sempre.
Recordamos muitas passagens vivenciadas no futebol. Até porque jogamos
juntos no Clube Atlético Ipiranga, por mais de 10 anos, entre os anos de 1983 e
1993. Aliás, o Ipiranga foi o único time que o Kir defendeu no Campeonato
Amador. Logo em sua estreia, no ano de 1983, ganhou o troféu de jogador
revelação.
Neste período, ainda foi campeão da “Taça Cidade de Garça/Copa Lions”, nos
anos de 1984 e 1989. E campeão do amador em 1993, numa final dramática
contra a Fazenda Santa Esméria. No tempo normal e prorrogação, empate em
0 x 0, debaixo de muita chuva. Na disputa de pênaltis, vitória ipiranguista.
Naquela tarde de domingo, num “Platzeck” lotado, o Kir jogou muita bola,
praticamente garantiu o empate sem gols. Mesmo sendo campeão, decidiu
encerrar a carreira e “pendurou as chuteiras”.

Veja uma das formações do Ipiranga, em pé, da esquerda para direita: Dinho
Crudi, Dinho Scartezini, Fernando Tedesco, Kir, Iá Sartori e Zé Precipito;
agachados: Zé Mineiro, Tico, Ike Galvão, Nequinha e Gê.
Com uma ponta de saudade lembra desta época, quando o futebol amador
tinha um nível forte, com times muitos bons. Lembra que enfrentou ótimos
jogadores: “Se na seleção brasileira teve os quatros “R”, aqui tinha os quatros
“D”: Dinho Parreira, Dinho Scartezini, Didi Turato e Dorival, todos difíceis de
marcar. Sem falar no meio campista Tiana, e um ponta direita que veio da
fazenda, o Luizinho, este era muito rápido e driblador, jogava bola com alegria”.
Depois do amador, ainda jogou no futebol suíço, época do terrão, envergando
as camisas do Kosminho e Juventude, dos amigos Totó e Jorge Vollet. Em sua
mocidade, o Kir foi um atleta polivalente. Foi destaque no vôlei, futebol de
salão, natação, pedestrianismo, fez trilha/enduro de motocicletas, por mais de
25 anos.
Outro lugar onde também fez bonito, foi no Garça Tênis Clube. O Kir gostava
de jogar nas tradicionais “peladas”, organizadas pelo Sr. Carlos Manchini. Com
isto participou das olimpíadas dos sócios do Tênis Clube, defendendo o grupo
Kukunká, em várias modalidades. Recordamos o Kukunká/futebol suíço, do
ano de 1984. Em pé, da esquerda para direita: Serginho Stéfani, Delicato,
Maninho, Reinaldo Manchini, Adalberto, Luiz Carlos, Guirado e Jr. Beline;
agachados: Kir, Fabinho, Ricardo Krusick, Paulinho Aguiar, Ricardo Guanaes e
Samir.
Atualmente o Kir não vê o futebol com aquela mesma paixão de antigamente.
Até porque percebe que a arte do futebol, que tanto nos orgulhava e dava
alegrias, deixou de existir. Acabou a magia do futebol brasileiro, que deixou de
lado sua identidade para copiar o futebol europeu. Se deu mal.
Em se falando de torcedor, tem uma leve queda para o Palmeiras, tudo por
causa do pai, Mário José, descendente de italiano. Um time que lhe traz
grandes recordações é a Seleção Brasileira de 1982, que “jogava por música”.
Em se falando do esporte brasileiro, o Kir não teve um único ídolo, mas sim
várias referências. No futebol: Pelé, um jogador completo, Garrincha, pela sua
ingenuidade e genialidade, Sócrates, elegância e inteligência em campo, Zico,
visão de jogo e técnica. No vôlei, destaca Bernardinho, William e Ana Mozer.
No basquete, a Magic Paula.

RECANTO DA QUERÊNCIA: 
Atualmente um tanto afastado do futebol, o Kir vive no bonito e agradável
Recanto da Querência, ao lado da esposa Andressa, e os filhos Sérgio e Lia. O
aprazível recanto está localizado na entrada da cidade, no trevo de Bauru, em
frente à FATEC. Segundo o Kir, o filho Sérgio, é canhoto, leva jeito para jogar
bola, tem domínio e chuta bem. Vem sendo preparado pelo Ditinho, treinador
de goleiros.
Com bastante tranquilidade, vive o dia a dia em meio à natureza, ar puro, canto
dos pássaros e muito verde. No local tem um espaço destinado ao lazer e
educação ambiental sobre sustentabilidade no campo. O projeto, no início,
focava primeiramente as crianças, onde elas aprendem como é a geração de
energia solar, eólia, reuso de água, destinação dos dejetos dos animais e
muitos mais.
Como começou a fazer sucesso também entre os adultos, os planos foram
aumentando, sempre com o objetivo de agradar todas as faixas de idade. A
mini fazenda terá celeiro, tulha, animais pequenos, trator, lago com peixe,
plantação de café, capela e até uma coleção de carros antigos e militares.
Chalés serão construídos para os visitantes dormirem e acordarem em meio a
natureza pura. Um bonito e agradável espaço será construído para palestras e
confraternização de aniversários, casamentos, etc. O projeto “Recinto do Café”,
está sendo montado, e terá sucos naturais, refrigerantes, cervejas, quitutes
diversos, tudo dentro do clima de uma fazenda, no melhor estilo caipira,
recordando os tempos da roça.


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