Fábio Dias
20/11/2015
Garça
"Não consigo emprego por causa do meu cabelo afro"; veja casos de racismo
Há quem diga que não existe racismo no Brasil. Que a miscigenação fez o povo brasileiro ser muito
"Black não condiz com sua formação"
"Já ouvi diversas vezes que meu cabelo não condiz com a minha formação. As pessoas não esperam que uma mulher negra seja formada em administração e muito menos que ela use black. Já aconteceu em um processo seletivo o entrevistador com o meu currículo na mão chamar o meu nome e, ao me ver levantando, dizer: 'Não chamei você. Chamei a Kelly'". (Kelly Cristina Nascimento, 29 anos, de São Paulo (SP))Arquivo pessoal
"Faz chapinha para ver os clientes"
"Em 2012, fui trabalhar como analista de social media em uma agência e eventualmente teríamos que visitar clientes. O dono da agência disse que, quando eu fosse falar com os clientes, eu deveria fazer chapinha. Na época, eu não tinha a noção de que isso era uma demonstração clara de racismo". (Taís Oliveira, 25 anos, de Guarulhos (SP)).Arquivo pessoal
"Boa aparência"
"Uma amiga arrumou para mim um emprego de babá. Ela contou para a contratante que eu tinha cabelo cacheado e a mulher perguntou se ele era 'para o alto'. A contratante pegou, então, o meu contato e viu a minha foto no Whatsapp. Mas, por causa da química que eu usava na época, o meu cabelo caiu e tive que cortá-lo bem baixinho. Quando cheguei na casa da família, a mulher ficou em choque e a primeira coisa que perguntou foi o que tinha acontecido com o meu cabelo. Depois, ela disse que tinha gostado do meu currículo, mas que a aparência também contava porque eles eram da alta sociedade, frequentavam lugares importantes e que, provavelmente, eu também iria. Ela tinha seis funcionários na casa: cinco eram negras e o motorista branco. Todas as negras tinham o cabelo liso" (Dayana da Silva Santiago, 27 anos, de Itaguaí (RJ))Arquivo pessoal
"Perfil da empresa"
"Em uma entrevista individual, me perguntaram se eu poderia alisar o cabelo e pintá-lo. Eu disse que não e eles me dispensaram. Em uma loja de sapatos, já ouvi que não fazia o perfil da empresa -- o lugar não tinha vendedores negros. Em um shopping, deixei o meu currículo e não deixaram eu fazer entrevista, porque eles tinham um limite de pessoas por dia. Eu tinha sido a primeira a chegar" (Jéssica Caroline da Silva Conceição, 23 anos, de Duque de Caxias (RJ))Arquivo Pessoal
Mas há esperança no mundo...
"Em 2012, estava precisando loucamente trabalhar. Consegui uma entrevista e ao sair, minha mãe questionou o fato de eu sair com o black power solto e com uma flor rosa choque. Ao chegar na empresa, a supervisora me olhou de cima abaixo com uma expressão que achei que era 'ruim'. No fim, ela me contratou dentre vários candidatos bem mais qualificados porque, segundo ela, eu tinha 'muita atitude para assumir minha cor e principalmente meu cabelo'" (Débora Andrade, 32 anos, de São Paulo (SP)) UOLComentários
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